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Helio Cabral

Helio Cabral

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A0269

Antonio Hélio Cabral (Marília SP 1948). Pintor. No início da década de 1960, freqüenta a oficina de Fausto Boghi, com quem aprende técnicas de cinzel, realiza relevos em cobre, em São Paulo. Cursa arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU/USP, entre 1970 e 1974. Em 1973, leciona desenho no Arstudium, em São Paulo. A partir da metade da década de 1970, freqüenta sessões de modelo vivo no ateliê de Antônio Carelli (1926) e estuda modelagem e fundição em gesso no ateliê de Raphael Galvez (1907-1998). Entre 1974 e 1984, atua como professor e coordenador dos ateliês de arte do Museu Lasar Segall e, de 1981 a 1984, leciona desenho e pintura na Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp. É curador da exposição Raphael Galvez: A Cidade à Sombra dos 40 - Pinturas, realizada na Pesp, em 1994. Em 1995, a Editora da Universidade de São Paulo lança o livro Hélio Cabral, sobre sua trajetória artística, de autoria de Leon Kossovitch. Cabral dedica-se principalmente à pintura, mas trabalha também com desenho, gravura e escultura.

Comentário Crítico

Com formação em arquitetura, na década de 1970, Antonio Cabral estuda com os artistas Antônio Carelli (1926) e Raphael Galvez (1907-1998). Entre 1974 e 1984, atua como professor e coordenador do ateliê de arte do Museu Lasar Segall e, de 1981 a 1984, leciona na Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp. Em sua produção, busca ampliar questões levantadas pelo expressionismo e também pelas obras dos pintores Francis Bacon (1909-1992) e Willem de Kooning (1904-1997). Realiza um jogo de construção e desconstrução da figura, criada com base em traços coloridos, como em Figura Vermelha (1986). Em telas de 1988 apresenta figuras femininas sensuais, realizadas por meio de traços irregulares e manchas de cor. Os planos de fundo apresentam grande vibração cromática, dada pelo ritmo das pinceladas, como ocorre em Violeta ou em Figuras Horizontais. Utiliza freqüentemente cores mescladas e cambiantes.
Em quadros expostos em 1999, como Retrato 7, Antonio Cabral constrói a imagem a partir do manuseio da matéria oleosa: os volumes do rosto são percebidos na mudança da direção das pinceladas. Nessa série, elimina a oposição entre figura e fundo em obras de grande vibração cromática.

Nascimento

1948 - Marília SP - 25 de outubro
Formação
1956 - São Paulo SP - Freqüenta ateliê livre de arte montado na Biblioteca Infanto-Juvenil Monteiro Lobato
1961 - São Paulo SP - Aprende técnicas do cinzel na oficina de Fausto Boghi, italiano produtor de objetos de cobre
1970/1974 - São Paulo SP - Cursa arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU/USP
1975/1976 - Freqüenta sessões de modelo vivo no ateliê de Antônio Carelli (1926) e recebe orientação sobre modelagem e fundição em gesso no ateliê de Raphael Galvez (1907-1998)
Cronologia
Pintor, gravador, escultor, desenhista, arquiteto, professor

1973 - Ensina, em São Paulo, desenho no Arstudium, escola organizada por Rui Perotti
1974/1984 - É professor e coordenador dos ateliês do Museu Lasar Segall, na capital paulista
1982/1984 - Dá aulas de pintura na Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp
1994 - Participa como curador da exposição Raphael Galvez: a cidade à sombra dos 40 - pinturas, na Pesp
1995 - É lançado o livro Hélio Cabral, escrito por Leon Kossovitch e publicado pela Editora da Universidade de São Paulo - Edusp
1996 - Produz litografias no atelier da gráfica Ymagos

Críticas

'Antonio Hélio Cabral tem um raro e manifesto prazer em pintar. Ele diverte-se em alterar as cores do tubo de tinta, em destruir e reconstruir a imagem, e em embaralhar a visualidade convencional. Ele inventa a sua palheta e organiza uma escala de tons aparentemente sujos. Faz parte de sua diversão. É o solitário fazer de um alegre e discreto artista. Mas sua pintura tem súbitas iluminações, revelações cromáticas, e discute a idéia da forma e das suas possibilidades na arte contemporânea. Ele é dotado de uma luz própria e estes trabalhos, um pouco noturnos banhados pela luz fria e prateada da lua, são pictóricos até a medula. Cerne e vida de pintor. Artista vivencial, ele experimentou com sucesso a invenção de objetos a partir de restos urbanos, o desenho, a gravura, a escultura e a cerâmica. A sua pintura, também, quando olhada com atenção, nos revela a reconstrução da imagem a partir de detritos visuais. E o artista, com a paciência que o ofício requer, organiza as imagens e nos propõe o jogo de observá-las em um fundo pulsante de vida'.Jacob Klintowitz
KLINTOWITZ, Jacob. O Ofício da arte: a pintura. 2. ed. São Paulo: Sesc, 1987.

'Em Cabral, a figura surge e desaparece, brota e fana derivando na pulsão. Trópica, é na matéria que ela se configura e se desfigura- evitando o óbvio do figurado e o excluído do antifigurativo. Cabral destina a figura à matéria, seu fim e sua fonte. Rala na litografia, espessa no óleo, a matéria é imperecível pois sorve e expele a figura, a esta preexistindo: por isso, potência, mas também ato, a matéria é virtualidade, assim, em derivação etimológica, virtude- no laço, a própria figura se exalça, uma vez que faz conhecer a matéria no ressalto de sua eclosão e seu eclipse. Ostentação e ocultamento entrelaçam, assim, a matéria e a figura, sendo a noite de uma o dia da outra, entrecuzamento que explicita uma como apoio da outra, ou ainda, o conhecimento de uma como o obscurecimento da outra'.Leon Kossovitch (1999)
KOSSOVITCH, Leon. [Sem Título]. In: GRAVURA: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000, p. 156.

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