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Guyer Salles

Guyer Salles

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A0055

José Guyer Salles (São Paulo SP 1942). Pintor, gravador, aquarelista, ilustrador e desenhista. Freqüenta o curso de iniciação ao desenho da Faap, em São Paulo, onde é orientado por Nelson Nóbrega e Marcelo Grassmann em pintura e gravura, entre 1962 e 1964. Em 1965, estuda pintura com Glênio Bianchetti e gravura com Babinski, na Universidade de Brasília. Na década de 70, viaja para os Estados Unidos, onde permanece entre 1970 e 1974, como bolsista do Pratt Graphics Center de Nova York, onde atua também como professor assistente. Leciona no Art Barn em Connecticut, Estados Unidos. De volta para o Brasil, em 1976, funda e dirige a Oficina de Gravura 76, núcleo de artistas destinado ao ensino de gravura. Participa do Projeto Cidadania - 200 Anos da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, da Secretaria do Governo do Estado de São Paulo, em 1991- ilustra o livro Estações, de Flora Figueiredo, em 1995.

Nascimento
1942 - São Paulo SP

Formação
s.d. - Nova York (Estados Unidos) - Viaja a estudo, com bolsa no Pratt Graphics Center
1962/1964 - São Paulo SP - Freqüenta o curso de iniciação ao desenho da Faap. Recebe orientação de Nelson Nóbrega e Marcelo Grassmann em pintura e gravura
1965 - Brasília DF - Estuda pintura com Glênio Bianchetti e gravura com Babinski, na UnB
1977 - Nova York (Estados Unidos) - Retorna para Nova York e dedica-se exclusivamente a aquarelas e gravuras

Cronologia
Pintor, gravador, aquarelista, ilustrador, desenhista

1973 - Connecticut e Nova York (Estados Unidos) - Professor no Art Barn e professor assistente no Pratt Graphics Center de Nova York
1976 - São Paulo SP - Funda e dirige a Oficina de Gravura 76, núcleo de artistas destinado ao ensino de gravura
1991 - São Paulo SP - Participa do Projeto Cidadania - 200 Anos da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, Governo do Estado de São Paulo
1994 - São Paulo SP - Participa do projeto Passaporte para o Ano 2000, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo
1995 - São Paulo SP - Ilustra o livro Estações, de Flora Figueiredo

Críticas

'Ao optar como meio expressivo hoje predileto pela técnica da aquarela, que assim suplantou a da gravura em metal - em que tanto soubera distinguir-se -, José Guyer Salles confessou implicitamente a prioridade que tem concedido em anos recentes ao incorpóreo sobre o palpável e ao imaterial sobre o concreto, como atmosfera ideal de consubstanciação de suas grandes naturezas-mortas, de suas sensíveis paisagens, de suas visões ora líricas, ora fantásticas de artista inventivo. Fugiu, ao mesmo tempo, à claridade relativa proporcionada pela alternância entre luzes e sombras para mergulhar na claridade absoluta, na pura luz solar de um processo do qual é privilégio o poético jogo de nuances e transparências delicadas. (...) Se tal tendência ao imaterial é marcante na obra atual de Guyer, não menos óbvia é a maneira pessoal com que enfrenta e resolve o espaço pictórico, desdobrando-o em esquemas composicionais que nos evocam, de imediato, certos mestres chineses. Esse amálgama entre elementos ocidentais e orientais parece-nos, de resto, um dos peculiares encantos da arte de nosso expositor, cuja fixação nos Estados Unidos da América propiciou-lhe, com o amadurecimento de seus recursos expressivos, o enriquecimento de seu mundo-de-idéias (...)'.
José Roberto Teixeira Leite
GUYER Salles. Apresentação de José Roberto Teixeira Leite. São Paulo: Renato Magalhães Gouvêa Galeria de Arte, 1980.

'Embora nos últimos anos venha desenvolvendo um trabalho constante de pintura em telas de grande formato, Guyer Salles é um artista plástico que sempre teve a obra centrada na gravura em metal, na litografia e na aquarela. A aparente simplicidade que decorre da atribuição do imaginário de Guyer a um gênero, à natureza-morta dos cânones, se desvanece ao exame mais atento. Construído a partir da observação direta, o objeto concretiza-se na gravação como recusa iconográfica. Pois, matéria-prima, esse campo de observação deflagra o gravado sem subordiná-lo a si, de modo que não é impositiva a fidelidade a atributos, como cor local, luz e sombra ou contorno. Flores e frutas não são pretextos, nem modelos, mas doadores de visibilidades. A relação, em que não existe um primeiro a ser representado, mas sim um ponto interessantíssimo de partida, explicita os processos de constituição da obra de Guyer Salles. A figura, muitas vezes apenas um fragmento, aparece quase sempre hiperbolizada. Ampliada, contraditoriamente melhor se escamoteia nos sinais gráficos que mais se mostram. A pequena violeta em engrandecimento que não é o da lupa minuciosa, mera apresentadora de detalhes, configura-se como evento estranho. Desprezando assim os significados, não é metáfora, nem metonímia, tampouco representação naturalista ou ainda realização da imaginação ou da memória. Barrada a interpretação, negada a relação exterior, é nas articulações dos sinais gráficos que se devem buscar os sentidos na gravura. O uso de pinceladas de ácido diretamente sobre a chapa coberta de resina, sem as amarras do verniz, demarcador feroz de fronteiras, é o procedimento destacado pelo artista. Desse modo, podem ser conseguidas sutilezas de manchas, transparências e extensos matizes, trazendo para a estampa características marcantes da aquarela. Se é possível, claramente, perceber a contaminação mútua dessas técnicas, isso se deve às suas similaridades, de que servilismos ou hierarquias estão excluídos. As aguadas gravadas, variando em conformidade com a sua construção por ácidos diversos ou diferentes grãos de resina, distinguem-se das aquareladas. O vigor do traço produzido por água-forte ou ponta-seca, recurso historicamente primeiro e básico da gravura em metal, ou está ausente ou é usado com parcimônia. Quando hachura, ele se apresenta menos em seu uso comum de constituinte de meios-tons e mais como produtor de matéria gráfica. Quando linha, é circunscrição freqüentemente transgredida pelas manchas da água-tinta e do lavis. A transgressão, impedindo a redução constrangedora do espaço pela linha, também a desinveste de função privilegiada na construção do desenho. Nessa sintaxe econômica de procedimentos, a cor, muitas vezes vista como deslocada na calcografia - na qual por muito tempo predominou a monocromia com o preto preponderando -, tem posição relevante. Desmembrada em diversas chapas, sendo mesmo fracionada numa mesma placa, no final da impressão a cor revela a riqueza de somatórias e justaposições que apenas desta maneira podem acontecer. Elegendo parcos meios, dominando-os finamente, Guyer grava suas estampas refinadas'.
Nori Figueiredo - junho de 2000
GRAVURA: arte brasileira do século XX. Apresentação Ricardo Ribenboim- texto Leon Kossovitch, Mayra Laudanna, Ricardo Resende- design Rodney Schunck, Ricardo Ribenboim- fotografia da capa Romulo Fialdini. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 2000, p. 168

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