Introdução
Registro, documentação ou necessidade de expressão, sacra ou profana, o fato é que a incisão ou gravado sobre superfícies rijas está presente desde que se conhece a história do homem. É de se supor que o esforço de apropriação e revelação de seu universo, milhares de anos antes da invenção do papel e da imprensa, tenha levado o homem a uma forma de registro. Possivelmente esta intenção aliada ao gesto de gravar impregnou de características específicas aquilo que iria estruturar uma "linguagem" bem distinta da do desenho, da pintura, da escultura, da fotografia e do cinema.
A troca, a comunicação e a divulgação no momento em que o homem se organiza socialmente, e especificamente com o advento dos primeiros núcleos urbanos, criaram a necessidade de encontrar um meio de multiplicação não só de texto como também de imagens. As implicações culturais e sociais que daí advieram são indiscutíveis.
A multiplicação de um original - a partir de uma matriz geradora veio romper a tradição valorativa da peça única, provocando uma renovação que iria afetar, inclusive o conceito e as avaliações estéticas. O valor de uma obra que aumenta ou diminui pelo fato de estar limitada a um possuidor privilegiado é quando muito, posta em questão. Esse valor na obra de multiplicação aumenta na medida do seu desdobramento, uma vez que patrocina a possibilidade de um convívio sem barreiras geográficas, sociais e culturais, com imagens, conceitos permanentemente transformadores da realidade. Assim a gravura vem expressar os anseios dos homens, sociais e culturalmente distanciados e diferenciados, consignados deste modo o seu alto sentido democrático.
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Elon Brasil
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A0261
Artista plástico autodidata, nasceu em 1957, na praia de Jurujuba, Niterói - RJ, onde aos seis anos de idade começou a rabiscar seus primeiros crayons. Mudando-se em 1968 para São Paulo, aos 12 anos, ganhou sua primeira medalha de ouro na II PINARTE de Pinheiros. Em 1970, juntamente com os artistas Aldemir Martins, Clóvis Graciano e Carlos Scliar, Élon ilustrou o livro de poesias 'Cantando os Gols' de Battine.
Filho de baianos, a mãe negra, neta de índios e seu pai - o artista Milton Brasil - neto de imigrantes italianos e portugueses Élon resgata em sua história e origem, a fonte de inspiração. Tornou-se conhecido internacionalmente , morando na Suíça por seis meses, onde conquistou várias oportunidades de expor o seu trabalho e ainda pintar encomendas para colecionadores europeus.
Nas suas telas, mais do que reproduzir com fidelidade as cores e traços indígenas, o artista explora a textura, expressando em técnica mista a aspereza das peles pardas, discriminadas e sofridas dos povos ameaçados pela urbanização. Em 1983, ele morou com os índios Xavantes no Mato Grosso e fez contato com as tribos Tuparys, Yarunas e Tucanos em Rondônia e no Amazonas. Vivia como eles, participando dos rituais de crença, da busca pelo alimento na mata e dos costumes mais rústicos. Depois, o artista foi para a África, onde teve as mesmas experiências na procura do entendimento do misticismo. Hoje sua obra figurativa é composta por figuras da terra: índios, negros e caboclos, sempre cercados por texturas e cores marcantes. O objetivo é ressaltar e preservar a cultura brasileira e as suas raízes, sem maiores discursos.
A cultura indígena foi determinante nos trabalhos do artista Élon Brasil. Para Élon, essa busca constante dos traços aborígene surgiu na década de 80, quando teve seu primeiro contato com uma tribo de Xavantes, no Mato Grosso do Sul. Desde então, o pintor visitou muitas outras tribos no Brasil e, inclusive, no Canadá.
Além disso, Élon preocupado com suas raízes, estendeu seus estudos a cultura africana, permanecendo 50 dias no continente da África. Dentre todos os seus estudos, uma característica predominou em suas obras: a mistura de tecidos sobre a qual pinta sob a técnica de óleo sobre tela resina, garantindo uma textura peculiar. Para isso, Élon utiliza tecidos rústicos, como: estopas de saco de café, açúcar e pimenta do reino. As obras do pintor estão expostas em diversas cidades do mundo, sendo elas da Europa, Canadá e Brasil.