Introdução
Registro, documentação ou necessidade de expressão, sacra ou profana, o fato é que a incisão ou gravado sobre superfícies rijas está presente desde que se conhece a história do homem. É de se supor que o esforço de apropriação e revelação de seu universo, milhares de anos antes da invenção do papel e da imprensa, tenha levado o homem a uma forma de registro. Possivelmente esta intenção aliada ao gesto de gravar impregnou de características específicas aquilo que iria estruturar uma "linguagem" bem distinta da do desenho, da pintura, da escultura, da fotografia e do cinema.
A troca, a comunicação e a divulgação no momento em que o homem se organiza socialmente, e especificamente com o advento dos primeiros núcleos urbanos, criaram a necessidade de encontrar um meio de multiplicação não só de texto como também de imagens. As implicações culturais e sociais que daí advieram são indiscutíveis.
A multiplicação de um original - a partir de uma matriz geradora veio romper a tradição valorativa da peça única, provocando uma renovação que iria afetar, inclusive o conceito e as avaliações estéticas. O valor de uma obra que aumenta ou diminui pelo fato de estar limitada a um possuidor privilegiado é quando muito, posta em questão. Esse valor na obra de multiplicação aumenta na medida do seu desdobramento, uma vez que patrocina a possibilidade de um convívio sem barreiras geográficas, sociais e culturais, com imagens, conceitos permanentemente transformadores da realidade. Assim a gravura vem expressar os anseios dos homens, sociais e culturalmente distanciados e diferenciados, consignados deste modo o seu alto sentido democrático.
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Dila
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A0034
Nascimento
1939 - Humberto de Campos MA - 26 de abril
Formação
Autodidata
Cronologia
Gravadora, escultora, ilustradora, pintora
1980 - Rio de Janeiro RJ - Ilustra o livro Guriata: um cordel para menino, de Marcus Accioly
Críticas
'(...) O desejo de reencontrar a autenticidade original da arte nos leva a considerar as obras menos intelectualizadas, como as mais espontâneas. A moda dos ´naifs´, dos ingênuos ou primitivos modernos comprova tanto a necessidade de eliminação de toda cultura adquirida, quanto a busca do estado de graça infantil e a pureza espiritual, obscurecidos pela força pretensiosa da civilização. (...) No amadurecimento da execução, permanece virgem e intacta a emoção que transborda na representação do povo e de seu quotidiano. O trabalho nos campos, a colheita, as festas religiosas ou folclóricas, ruas animadas e paisagens constituem os cenários onde se movimentam seus personagens. E que personagens. Cabeças de olhos enormes e expressivos, pousadas sobre corpos de formas arredondadas, sensuais, transbordando de saúde e de vida, são pequenos deuses-faunos de uma vasta mitologia que Dila, a Fada, aciona como marionetes. Pintora do instinto e do coração, Dila nos envolve em sua magia conjurando os demônios da alienação interior e da poluição exterior'.
Dominique Edouard Baecheler
CUNHA, Carlos. A páscoa das gaivotas: panorama maranhense contemporâneo das artes plásticas. São Luís: Mirante, 1987.
'Os temas da infância, da felicidade do encanto pintar. Transpor para a tela essas lembranças e belezas da terra. Praias, belezas, estes são os assuntos de um Brasil que se vai. Só os artistas guardarão essas lembranças. Dila pintou com o coração esses temas, assuntos de um tempo que ficará nos olhos, mentes e corações sensíveis e amantes ... '
Aldemir Martins
DILA. Texto de Aldemir Martins. São Paulo: Galeria Jacques Ardies, 1989.